Muitas vezes os verdadeiros problemas com as casas estão escondidos por trás de outros, que parecem mais óbvios ou importantes, e que os próprios habitantes da casa não percebem que são a causa principal dos seus desconfortos.
Se os desafios com a casa não forem percebidos e encarados, com o tempo as pessoas afastam-se da casa, deixam de gostar da mesma e esta passa a ser um local de tristeza e mal-estar.
O refúgio que todos precisamos, onde descansamos, retemperamos energias e somos felizes, deixa de existir.
Concebemos uma lista de 5 Passos para o(a) acompanhar a fazer uma análise inicial à sua relação com a sua casa, e assim detectar os verdadeiros desafios. Ao identificar onde tem de agir, pode colocar em prática algumas das estratégias indicadas.
E assim fazer as pazes com a sua casa, para que esta volte a ser um local de felicidade e bem-estar. Em suma, voltar a gostar da sua casa.
Pegue num caderno ou imprima as perguntas do resumo final, para que responda e aponte os desafios que a sua casa apresenta em cada ponto. Pode fazer sozinho(a), em casal ou em família, mas também podem fazer isoladamente e depois analisar as respostas em conjunto para terem a visão de todos.
Sempre que a resposta à questão for a V, óptimo — é menos um desafio. O perfeito seria que todas as suas respostas fossem a V, mas se assim fosse seria pouco provável que estivesse interessado(a) em fazer este exercício de análise da sua casa. E o perfeito é um ponto de vista… podendo ser real ou não.
(Caso queira o documento completo pode obter no nosso site – página Studio+ e em Ofertas).
Vamos passar ao segundo passo?
Passo 2 – O funcional
A disposição da casa (layout) adequa-se às vivências de todos os habitantes?
+Resposta positiva – V
+Resposta negativa – Pode começar pelo que é fácil e possível de mudar sem ter de recorrer a profissionais (como reorganizar ou substituir mobiliário para ganhar mais espaço ou fluidez, mudar usos – um quarto de hóspedes que não é usado por um escritório ou zona de estar extra ou quarto de brincar – ou trocar de lugar – por exemplo, um quarto com um escritório para ter mais privacidade ou não incomodar os restantes aposentos, etc.). O adiar, por achar que não é importante ou prioritário, pode estar só a acumular desconforto na casa. E verifique se não é só na sua visão que não é importante ou prioritário. Alguém achar que tem de ser assim e que tem de aguentar (havendo a possibilidade de alterar), não é saudável para o desenvolvimento familiar. Caso possa, recorra a um profissional, será mais fácil e menos desgastante para si. O profissional irá garantir a melhor solução para os problemas em função das necessidades e do espaço existente. A ajuda profissional, dependendo das suas necessidades, pode ser projecto de arquitectura ou design de interiores, obra ou consultoria.
As rotinas de cada habitante são condicionadas pela casa?
+Resposta negativa – V
+Resposta positiva – Por exemplo, se só existir uma casa de banho, para além de poder ser uma fonte diária de stress ou atritos, pode obrigar a alterações relevantes nas rotinas (como alterar o horário de acordar para não criar “engarrafamentos”). Outro exemplo é a inexistência de uma dispensa ou local de armazenamento de alimentos, principalmente numa família grande, o que leva a ir frequentemente às compras em vez de poder usar o tempo para outras coisas que gosta ou necessita de fazer. Analise o que está a trazer dificuldades e se pode, com algum empenho da sua parte, resolver ou se tem mesmo de contratar um profissional.
Há espaço para tudo o que tem em casa?
+Resposta positiva – V
+Resposta negativa – Se não tem espaço para tudo o que tem, uma consequência comum é ter coisas empilhadas, armários superlotados e caixas cheias de coisas que não usa (porque não consegue usar por serem de difícil acesso ou porque não descarta o que deve). Tanto a existência como a falta de espaço podem ser problemáticas. A primeira por poder levar a adquirir o que não necessita só para “encher” (em vez de gastar no que lhe traria mais felicidade) e a segunda por não poder albergar da forma conveniente o que tem. Na falta de espaço não é só importante como imprescindível, Destralhar (“Retirar ou desembaraçar-se de tralha ou de coisas inúteis” in Dicionário Priberam). Tem de começar pelo descarte/desapego, que é basicamente (num primeiro momento) analisar e decidir o que fica e o que sai. Se o destino do que sai for logo decidido (categorizar por exemplo por lixo, doar, dar, vender, trocar e devolver), pode ajudar a fazer o desapego e torna o processo mais fácil e rápido. Mesmo quando pensa que não tem nada a descartar, se for analisar tudo o que tem vai sempre encontrar, e por vezes muito mais do que podia imaginar. Este processo pode ser difícil porque a questão emocional condiciona. Por isso, é que a figura da Personal Organizer está cada vez mais conhecida e é mais procurada. Não é apenas porque as pessoas não têm tempo, não sabem ou não querem fazer, muitas vezes é porque não o conseguem fazer sozinhas.
Premissa: O mais importante é a direcção e não a velocidade. Por isso comece devagar, nem que seja por uma gaveta pequena, mas comece a analisar o que tem e a descartar.
Todos os objectos têm um local para serem guardados e todos os habitantes sabem qual é?
+Resposta positiva – V
+Resposta negativa – Uma das regras base da organização é que todos os objectos têm de ter a sua “casa”, o lugar destinado a serem guardados e que é decidido em função do tipo de objecto, para que são usados, em que divisão são usados, quem os usa, etc. Mas para que isso se mantenha – além de ser importante usar rótulos, etiquetas, cores ou algum tipo de identificação – é obrigatório que todos os que o usem saibam onde é esse lugar e porquê. Se não souberem onde é o lugar acabam por o colocar onde calhar e se não souberem o porquê podem achar que outro local é melhor. O resultado é uma perda inútil de tempo e paciência à procura das coisas, muitas vezes a não as encontrar, e a criar desgaste e atritos desnecessários. Sistemas de organização, produtos organizadores, etc. podem ser uma ajuda para manter a organização, mas a base está em estipular um lugar fixo para cada coisa e todos que a usam saibam (ou está identificado para facilitar).
As coisas estão visíveis e fáceis de aceder? Sabe tudo o que tem?
+Resposta positiva – V
+Resposta negativa – Por mais organizada que seja uma casa é possível que nem tudo esteja visível ou fácil de aceder. Mas se estiver bem organizada, quase de certeza que sabe tudo o que tem, pois os objectos estão categorizados e rotulados (mesmo quando guardados em caixas). Tudo o que está visível não fica esquecido e é mais provável que seja usado e seja útil. Usar caixas ou recipientes transparentes para guardar os objectos e os alimentos ajuda a ser mais fácil identificar o seu conteúdo e a poder dispensar identificação com etiquetas (muito útil para sapatos e botas – em vez das suas caixas originais – ou para comida no frigorífico e no congelador). Tudo o que está fácil de aceder é mais provável que use e não se torne tralha. E tralha não é só o que não gosta ou que está avariado ou que não tem nenhuma utilidade. Um vestido novo pode ser tralha, esteja guardado no armário há muito ou há pouco tempo, se nunca o irá usar porque não lhe serve ou assenta bem. Está a ocupar espaço físico desnecessário no armário e provavelmente também na sua mente, sempre que pensa porque é que o comprou. Outra regra importante da organização é “se está vazio, deixa vazio”. Agora até pode ter algum espaço livre, mas se o ocupar com coisas apenas porque tem espaço livre pode depois não ter para guardar alguma prenda importante que receba ou algo que tenha necessidade de comprar.
Resumo
Passo 2 – O funcional
- A disposição da casa (layout) adequa-se às vivências de todos os habitantes?
- As rotinas de cada habitante são condicionadas pela casa?
- Há espaço para tudo o que tem em casa?
- Todos os objectos têm um local para serem guardados e todos sabem qual é?
- As coisas estão visíveis e fáceis de aceder? Sabe tudo o que tem?
Nos próximos artigos iremos passar pelos passos seguintes.